Os perigos das telas para crianças e adolescentes

Você sabia que os grandes gurus do Vale do Silício proíbem seus filhos de usar telas?

Com certa frequência, tenho sido procurado com queixas de dificuldade de concentração e baixo rendimento escolar. Em todos os casos, faço uma primeira pergunta: quanto tempo você
fica no celular durante o dia? Numa dessas ocasiões, desafiei o adolescente a abrir o celular e
verificar o tempo de uso. Ele tinha ficado no dia anterior 16 horas no aparelho celular, com
uma média diária de 12 horas.
Todas as vezes que falo sobre as telas, ressalto que está fora de questão dizer que a influência
das telas é unicamente negativa. O impacto depende da utilização. Mas se pegarmos o
exemplo do adolescente acima, poderíamos fazer um cálculo simples e afirmar que, ao final de
um único ano letivo, ele teria passado 3 vezes mais tempo no celular do que o período que fica
na escola.
O uso excessivo das telas acarreta sérios malefícios à saúde do corpo e emocional, tais como
obesidade, problemas cardiovasculares, agressividade, depressão, comportamentos de risco,
empobrecimento da linguagem, dificuldade de concentração e perda de memória.
Ao contrário do que a imprensa e a indústria da tecnologia costumam difundir, o
comportamento de permanecer por um longo período diante das telas está longe de ajudar no
desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Então, o que devemos fazer? Não se trata de proibir o acesso às telas e conteúdo, mas garantir
que não haja excessos. Sempre estimulo os pais, principalmente os de crianças pequenas, a
fazerem noites de pizza com jogos de tabuleiro e quebra-cabeças. Essas atividades ajudam no
desenvolvimento e são essenciais na construção de laços.
Até hoje, nenhum estudo indica que a privação de telas para uso recreativo poderia conduzir
ao isolamento social ou a qualquer transtorno emocional. Entretanto, muitas pesquisas
enfatizam o impacto prejudicial das telas sobre os sintomas de depressão e de ansiedade de
nossos filhos.
O último ponto, mas de extrema importância, é que as telas devem ser utilizadas sozinhas,
uma de cada vez. E deveriam ficar fora do alcance durante as refeições, os deveres e as
conversas familiares. O nosso cérebro e o de uma criança em desenvolvimento, quando são
submetidos a multitarefas, tornam-se mais permeáveis à distração. Além disso, quanto mais
coisas ele faz ao mesmo tempo, pior é o desempenho e pior é o nível de aprendizado e
memorização.
Orientemos as crianças e os adolescentes na prática do que as telas oferecem de mais positivo.

 

* Wagner Coutinho é Psicólogo Clínico e Escolar, registrado sob o CRP 06/150649, e atua junto aos professores e alunos do Colégio Olga Ferraz

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